Você conhece a história do Batman, sabe que ele perdeu os pais em um assalto e que depois disso resolveu virar um homem-morcego para combater o crime.
O que você não sabe é que ele é gente como a gente e tem vários problemas psicológicos. Não é preciso ser psicólogo para saber que perder os pais assassinados e ainda assistir à cena pode trazer vários problemas a essa pessoa.
Vou falar abaixo 8 características psicológicas bem humanas desse super-herói que te ajudarão a pensar sobre seu próprio autoconhecimento:
1 – Ter traumas infantis
Crianças que perdem os pais e não elaboram o luto ficam com traços muito semelhantes aos de adultos com ansiedade persistente, medo de outras perdas, de morrer também, hiperatividade, desejo de morte para ver os pais novamente, culpa (como se ela tivesse alguma parte na morte deles) e etc.
Se a criança ainda tinha dificuldades de se manter separada dos pais, essa perda é sentida de maneira ainda pior, pois é como se tivessem lhe retirado algum órgão físico, uma parte de si própria.
Na maior parte dos casos, o que predomina é o desamparo, um sentimento de ameaça à sua própria vida de maneira física e emocional e também a de que ela teve alguma culpa na morte deles.
Considerando que Bruce Wayne estava com 5 anos na época, tudo indica que ele possui as características acima e que ele imagina que lutando contra o crime pode elaborar essa dor da perda e salvar seus pais que estão internalizados.
Qualquer psiquiatra o diagnosticaria com transtorno de estresse pós traumático…
2 – Ter compulsões
Bruce possui uma compulsão à repetição: ele revive seu evento traumático constantemente, tentando salvar os pais.
Todos temos, em algum ponto da nossa vida, uma compulsão à repetição de algo.
Se você ainda não sabe qual é sua repetição, é porque ainda faltam sessões de terapia para descobrir… Batman, por mais que salve a cidade diversas vezes, não consegue abandonar essa repetição: sempre tem que vestir o manto do cavaleiro negro de Gotham City para aliviar sua angústia, que remete ao desamparo citado acima.
3 – Ter dificuldade social
Bruce Wayne é um homem que não tem muitos amigos, tem dificuldades para se relacionar e ter bom humor. Quando ele é Bruce, finge que é um ‘playboy’ que aproveita sua fortuna, mas, na verdade, sua vida gira em torno de defender Gotham da criminalidade.
Ele possui duas personalidades, não podendo ser Bruce nem Batman, ao mesmo tempo sendo os dois. Seria o Batman um falso-self?
4 – Ter raiva
Batman é violento. Sim, ele tem raiva, muita raiva. Ele tem uma agressividade extrema, que é aliviada quando espanca bandidos.
Ele cria suas próprias leis, ou seja, ele também tem um pouco de características antissociais, pois faz o que quer, como espionagem, espancamento, tortura, invade sistemas.
Só há uma lei que ele não quebra, que é aprincipal de todas e a qual ele se controla muito para não fazer: o assassinato.
5 – Repetir um mito
Sua vida é baseada no mito do herói, que resumidamente é partida, iniciação e retorno. A tarefa do herói é enfrentar seus demônios e sair renascido.
Bruce partiu para o oriente, cometeu crimes para imaginar como pensa um criminoso e foi treinado por um mestre das artes marciais. Tendo que o enfrentar futuramente, é quase derrotado, mas consegue sobreviver e sair mais forte dessa batalha.
Você, quando está na terapia, é como se estivesse vivendo esse mito, pois descobrir a si mesmo, ser engolido pelo próprio inconsciente, e sair mais forte dessa jornada não é tarefa fácil.
6 – Ter questões inconscientes
Batman perdeu amigos, arautos e namoradas, viu muita gente morrer nas mãos dos seus arqui-inimigos.
Por mais que ele lute, a criminalidade nunca acaba. A pergunta que fica é se ele quer mesmo que acabe, da mesma maneira que perguntamos a um paciente que tem vício em álcool se ele quer mesmo parar de beber.
7 – Ter obsessões
Batman é considerado o maior detetive do mundo das histórias em quadrinhos. Ele é um workaholic, estando sempre em sua Batcaverna pesquisando e investigando criminosos.
Normalmente as pessoas obsessivas com trabalho estão fugindo de angústias que não querem enfrentar.
Não posso deixar de falar de seu mordomo Alfred que cuida dele como se fosse um pai, além de um suporte financeiro que lhe permite fazer o que bem entender.
Batman, o medroso
Apesar de ter recursos financeiros de sobra, ele não tem a coragem necessária para encarar um processo terapêutico e por mais angustiante que seja, o medo dele de olhar para si mesmo é tão grande que ele prefere reviver todas as noites a memória da noite em que os pais foram assassinados.
Se o Bruce tivesse um bom psicólogo, talvez ele já tivesse elaborado esse luto e não teria a necessidade de existir Batman, mas poderia se integrar e assumir uma personalidade única.
E você? Que repetições tem enfrentado por medo de se olhar profundamente?
Quais traumas infantis você está repetindo sem saber?
Será que as suas atitudes hoje são uma tentativa de resolver o passado?
Seja melhor que o Batman, não se torne um refém da sua própria angústia.
Invista em autoconhecimento, invista em se livrar dos seus fantasmas. Você pode fazer isso de várias maneiras, mas se estiver procurando um processo mais intensivo, recomendo que você conheça o “Mergulho”.
Eu, inclusive, sou um dos psicólogos que faz parte da equipe de psicólogos do evento.
Um forte abraço pra você!
Psicólogo Thiago Mendes
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